O objetivo desta pesquisa é analisar o desenvolvimento do modelo de negócios conhecido como “Dark Kitchens” por plataformas de e-marketplace atuantes no Brasil, com base no estudo do caso Rappi, a fim de determinar a natureza do vínculo existente entre tais agentes e a eventual caracterização de ilícito concorrencial mediante abuso de posição dominante por parte dos e-marketplaces. Para tanto, a compreensão conceitual sobre e-marketplaces e dark kitchens foi utilizada, de forma a conduzir a base teórica do estudo e expor todas as vertentes possíveis para desenvolvimento do modelo de negócios. Posteriormente, foi realizada análise documental de artigos jornalísticos e entrevistas, a fim de compreender como referido modelo de negócios foi implementado pela Rappi, e, em segundo plano, determinar a relevância das tecnologias de dados para a eventual caracterização de ilícitos concorrenciais. Notou-se que, em um contexto de economia digital e concorrência pautada em inovação, a assimetria informacional existente entre os e-marketplaces e os restaurantes clientes de suas plataformas, corroborada com a ausência de parâmetros objetivos para a condução do modelo de negócios, no caso específico da Rappi, acarretou a existência de inegáveis indícios de abuso de posição dominante, com a sujeição dos restaurantes à condução de negócios determinada pela empresa.