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CLÍNICA VIVA A CÉU ABERTO: A PRÁTICA IMPLICADA DO DISPOSITIVO PSICANALÍTICO COM PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA E SUAS ESPECIFICIDADES
Última alteração: 2023-11-29
Resumo
Considerando uma prática psicanalítica implicada, esta pesquisa objetivou investigar como as clínicas públicas e gratuitas de psicanálise, propostas por Freud em 1918, se organizam na contemporaneidade no atendimento a pessoas em situação de rua. Também buscou-se identificar as adaptações necessárias e possíveis que o setting de uma clínica viva, a céu aberto, demanda. Para tanto, foram realizadas três entrevistas semi-estruturadas com psicanalistas que possuem experiência no atendimento público e gratuito, no Estado de São Paulo, a pessoas em situação de rua. A partir da análise de conteúdo das entrevistas, a pesquisa evidenciou que o trabalho com esta população demanda intervenções criativas e adaptações na técnica. Além disso, identificou-se que a presença física e implicada do analista no território é fundamental nesta situação analisante. Por se tratar de uma clínica em que os atendimentos não são pautados por um pagamento monetário, salienta-se também o caráter instável dos projetos de clínicas públicas de psicanálise. Dada as especificidades identificadas, o setting e a transferência demandam um olhar aprofundado. Visto que se trata de uma pesquisa qualitativa, os resultados encontrados não se prestam à generalização, contudo espera-se que um retorno às clínicas públicas de Freud e o levantamento das particularidades deste setting permitam reflexões sobre as possibilidades de manejo no atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social e fortaleçam práticas psicanalíticas clínico-políticas.
Palavras-chave
Clínica pública. Psicanálise. Pessoas em situação de rua.
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