Última alteração: 2022-11-17
Resumo
A crise de saúde pública resultado da pandemia de COVID-19 impactou o cotidiano da população. Estudos internacionais vêm reportando níveis elevados de depressão e ansiedade em grávidas, bem como sinalizando a importância de analisar os potenciais impactos negativos de mudanças no atendimento pré-natal. Diante disso, o presente estudo avaliou as mudanças ocorridas no cuidado pré-natal e a sintomatologia de ansiedade e depressão em grávidas durante a pandemia de COVID-19 no Brasil. O estudo contou com 281 mulheres grávidas, com idade entre 19 e 41 anos (M = 31.2, DP = 4.93). Foram utilizados o questionário de Transtorno de Ansiedade Generalizada (GAD-7), a Escala de Depressão Pós-Natal de Edimburgo (EPDS) e um questionário sobre as alterações (decorrentes da pandemia) nos cuidados de saúde pré-natal. Os resultados mostraram que 36.7% (n = 103) das participantes reportaram níveis potencialmente clínicos de depressão pós-parto (EPDS ≥ 13), enquanto 93 mulheres (33.1%) registraram níveis moderados a severos de sintomatologia de ansiedade generalizada (GAD-7 ≥ 10). Análises de correlação de Pearson revelaram que quanto maior o número de alterações reportadas nos cuidados pré-natal, maiores os níveis de sintomas de depressão (r = .18, p = .003) e de ansiedade (r = .17, p = .004). Em suma, as alterações decorrentes da enorme pressão da pandemia nos serviços de saúde tiveram importante relação (e, potencialmente, impacto) na saúde mental de mulheres brasileiras durante a sua gravidez.