Última alteração: 2024-12-06
Resumo
O ato de caminhar pode ser uma experiência habitual, banal e inconsciente, mas também um processo de reencantamento e desalienação do corpo. Baseado em origem e destino, é considerado um ato funcional e utilitário; no entanto, é uma ação que, por si só, também assume protagonismo. A organização dos espaços com seus sistemas de circulação, implementados de diferentes formas, em edifícios pode nos ajudar a repensar e reavaliar a importância dessa ação em crise, que na modernidade sobrevaloriza a otimização do tempo, o objetivo, a eficiência, a finalidade, o tempo útil e o fim da ação, desvalorizando a importância do lúdico, do andar a esmo, do andar à toa e do ócio, enfim, da deriva.
Dentro desse cenário, o que pode tornar o caminhar uma experiência tátil e ótica incomum do corpo no espaço? Certas organizações internas de percursos e espaços sugerem que o caminhar pode ser a principal ação a ser realizada para que os valores de espaço e dos conteúdos ali presentes possam ser reinventados. A experiência do caminhar deve fortalecer o revigoramento do corpo não como produto histórico, cultural, codificado por lógicas que o assujeitam a rotinas, mas como vetor de pequenos atos que emancipam. O caminhar é um meio para a ressensibilização do corpo e da mente, que permite uma nova percepção e interação com o ambiente que o cerca, abrindo espaço e criando oportunidades para experiências mais profundas e significativas de cada indivíduo com o meio que permeia.